"[O cinema novo] era aquele cujo ideário envolvia a articulação de demandas hoje bem conhecidas: um estilo moderno de cinema de autor, a câmera na mão, o despojamento, a luz 'brasileira' sem maquiagem no confronto com o real, o baixo orçamento compatível com os recursos e o compromisso de transformação social."
(extraído do livro Revisão Crítica do Cinema Brasileiro, de Glauber Rocha)
Depois do declínio da industria e da falência das companhias cinematográficas em meados da década de 50, toda uma geração de cineastas frustrados pelo ocorrido se unem para criar um cinema mais próximo ao real, com um custo reduzido e com muito conteúdo, denominado Cinema Novo. O Cinema Novo, que foi criado na década de 60, abordava uma temática diferente da proposta mostrada nas décadas passadas, e tinha a intenção de recriar o cinema nacional, mostrando a realidade do Brasil e o seu próprio povo.
........................................................
“ Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” esse era o lema de diversos cineastas, a maioria jovens, que inconformados com a alienação das chanchadas e o industrialismo do cinema, saíram à procura de fazer cinema com preocupações sociais, e enraizados na cultura brasileira, na década de 60. Surgia o Cinema Novo, um divisor de águas na própria cultura...”
(extraído do jornal Diário do Senado, do dia 24 de agosto de 2004)
........................................................
O Cinema Novo pode ser dividido em 3 fases. A primeira fase vai de 60 a 64, e abordava o cotidiano e à mitologia do nordeste brasileiro. O núcleo de cineasrtas mais reconhecidos na época era Nelson Pereira do s Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues, Paulo César Saraceni, Leon Hirsman, David Neves, Ruy Guerra, Luiz Carlos Barreto e Glauber Rocha que foi o mais relembrado dos cineastas do Cinema Novo. A frase “ Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça ” de Glauber Rocha virou um lema entre os cineastas da época que faziam parte do Cinema Novo.
Glauber Rocha, um dos ícones do cinema novo, tinha como objetivo mostrar a realidade do Brasil, o sertão, a fome ou seja denunciar as injustiças sociais. Como descreve Ivana Bentes.
........................................................
“Glauber parte de um discurso de politização da natureza e naturalização da cultura na contramão dos discursos de oposição dos 2 pólos. Dessa forma vemos a utilização dos elementos e cenário naturais de forma dinâmica e atuante e uma dramatização dos cenários. Os seus personagens pertencem à terra e se confundem com a paisagem. A cultura é mostrada não como algo que opõe a natureza mas como a natureza é continuada por outros meios.”
(extraído do artigo Terra da Fome e Sonho: o paraíso material de Glauber Rocha)
........................................................
A estética mostrada e abordada por Glauber Rocha pode ser notada no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol de 1963, um dos filmes marcantes do Cinema Novo. Confirmado por Ivana Bentes.
........................................................
“O filme denuncia as injustiças sociais no Brasil da época em que foi feito, e representa de forma muito eficaz o espírito de contestação tão fortemente ativo na cultura brasileira na década de 60(...) O filme é marcado pelos contrastes: imagens hediondas como a carcaça apodrecida de um animal – que evocam a idéia da miséria e da fome se contrapões a outras – como a visão do mar na última cena – que simbolizam a fé e a esperança. O título indica a constante luta entre o bem e o mal, a salvação e a danação, a justiça e a injustiça, o povo e as elites”
(idem acima)
........................................................
A segunda fase do Cinema Novo vai de 64 a 68 e abordava os equívocos da ditadura militar e da política. Filmes como O Desafio (1968) de Gustavo Dahl e Terra em Transe ( 1967 ) de Glauber Rocha, foram os mais marcantes desta fase. A terceira fase do Cinema Novo vai de 1968 a 1972 e tem como maior influência o tropicalismo, com as características do exotismo brasileiro, mostrando plantas, animais e índios como no filme Macunaíma (1969) “ O brasileiro preguiçoso e fanfarrão sensual e depravado, que luta para ganhar dinheiro sem trabalhar ” (Carlos Roberto de Souza – A fascinante aventura do cinema Brasileiro). Mas essa terceira fase foi interrompida pela repressão politica, fazendo com que alguns dos cineastas se exilassem, extinguindo assim o Cinema Novo.
Fonte: Revista Nota Independente
14 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário