Em 1949, empresários de São Paulo criam a Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Durante quatro anos, a Vera Cruz realiza 18 filmes de longa-metragem e marca uma época no cinema brasileiro.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial e da ditadura do Estado Novo, em 1945, São Paulo vive um momento de efervescência cultural. Revistas de divulgação artística, conferências, seminários e exposições agitam a vida paulista.No final dos anos 40, são inaugurados o Museu de Arte Moderna e o MASP - Museu de Arte de São Paulo. Na mesma época, Franco Zampari, empresário de origem italiana, monta uma companhia teatral de alto nível, o TBC - Teatro Brasileiro de Comédia. Cresce o interesse pelo cinema. Intelectuais fundam cineclubes e movimentam grupos de debates.
Em 1949, Franco Zampari e um grupo de empresários fundam a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo.Constróem estúdios gigantescos e caros. Importam os melhores equipamentos disponíveis no exterior. Os empresários tomam como modelo o cinema de Hollywood, nos Estados Unidos."Produção Brasileira de Padrão Internacional." Com este lema, a Vera Cruz se propõe a realizar um cinema brasileiro em bases industriais.
A primeira produção da Vera Cruz é o filme "Caiçara", dirigido por Adolfo Celi. É todo filmado em Ilhabela, litoral de São Paulo, para onde foram deslocados o elenco, a equipe técnica e os pesados equipamentos de filmagem. O lançamento de "Caiçara" é feito com grande publicidade.
O ritmo de produção da Vera Cruz é intenso.Os lançamentos se sucedem, às vezes em intervalos de poucos meses.
Em janeiro de 1953, estréia "O Cangaceiro", dirigido por Lima Barreto. "O Cangaceiro" é premiado no Festival de Cannes como o melhor filme de aventura daquele ano e torna-se um sucesso de bilheteria.
O sonho brasileiro de uma indústria de cinema dura poucos anos. Em 1954, a Companhia Vera Cruz entra em declínio. Entre os motivos de sua decadência está a ausência de um sistema próprio de distribuição. Os distribuidores e os exibidores ficavam com mais de 60% da arrecadação. Havia ainda a dificuldade de colocar o filme brasileiro no competitivo mercado internacional.
A Vera Cruz é prejudicada também pela concorrência desigual com os filmes estrangeiros no Brasil. O preço dos ingressos das salas de cinema era tabelado. A inflação diminuía o valor real do ingresso e fazia cair a arrecadação dos filmes. Para os filmes estrangeiros norte-americanos, o governo brasileiro pagava a diferença entre o câmbio do dólar oficial e do paralelo.Apesar de só ter durado alguns anos, a Vera Cruz formou uma geração de cineastas e profissionais de cinema. A qualidade técnica e artística de seus filmes marcou uma época e mostrou a viabilidade do cinema brasileiro.
Fonte: TV Cultura
14 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário